Areia de Morfeu

Espero o silêncio chegar,

Há uma demora irritante,

Início de semana, barulho sem trégua,

Carros que vêm e vão em rapidez,

Avenida movimentada,

Buzinas, pressa, velocidade,

Quero a calmaria da madrugada,

A tranquilidade da noite parada,

Sem cotovias, corujas ou morcegos,

A noite coberta de estrelas,

Na qual me enrolo e adormeço,

Me enrosco e me entrego,

Em sonhos profundos,

Viagens astrais de tempos outros,

Percorrendo o universo como essência

Energia pura sem forma estética,

Apenas emanando física quântica,

No devir do puro breu, da ausência,

Que se faz presença no sossego,

E descansa no porvir de poucas horas,

Que relembra madrugadas outras,

Sonhos, memórias, saudades, Ilusões,

O sono cobra sua conta, areia de Morfeu,

Dorme, dorme, dorme anjo caído,

Durante o dia só há incertezas,

À luz do sol, ninguém se escuta,

Só enxergam o que desejam,

Desperdício de vida, pulsações inertes,

Já a noite é meu refúgio, abrigo,

Temporada de aquietamentos...