Letras medíocres

Observo tua falsa vida,

Teu reflexo distorcido,

Sorriso torto no espelho partido,

Dizendo palavras sem sentido,

Escrevendo letras medíocres,

Como se vivestes em felicidade,

Quando charfundas em tristeza,

Na ausência de algum valor,

Mas é sempre o mesmo erro,

Os mesmos passos em falso,

Os tropeços incoerentes de sempre,

Girando até cair sem visão alguma,

Uma encenação pífia de realidade,

De uma frágil impressão em P&B,

Não, tu não me enganas mais,

Nesta vida és somente isto,

Um retrato de Dorian Grey,

Um lago de Narciso se afogando,

Um cristal rachado escapando água,

Uma estrada sem destino final,

É isto que tua figura expressa,

Talvez iludas a ti ou ao entorno,

Aqueles de teu pequeno mundo,

Crédulos em rituais vãos,

Com olhos tão limitados,

Corações tão apodrecidos,

Almas tão amaldiçoadas,

Incapazes de ver teus remendos,

De imperfeições avinagradas,

Pálida triste sombra de ti,

Oh, reze para esse lamento,

Esse fel que escorre de tua fala,

Tórpido inconsolável viés,

Não voltei depois de dez anos,

Para ver tantas inconsistências,

Minha jornada foi de aprendizado,

De dor e amor, de lágrimas e superação,

Não mostre rabiscos de tua involução,

Somos tão diferentes em tudo,

Como o céu e o inferno,

Van Gogh e Romero Britto,

Nietzsche e Olavo de Carvalho,

Fernando Pessoa e Falcão,

Não me digas que chegastes lá,

Lá onde? Para qual canto?

Talvez teu poço não tenha fundo,

E te acostumastes à escuridão,

A não ver tuas próprias imperfeições,

Elaborando discursos de vitórias,

Que a ti sejam entregues as batatas!

[Ou, as baratas!]