Milhões de razões
Haverá milhões de razões,
Para silenciar as palavras,
Para fechar os olhos,
Para cerrar os lábios,
Petrificar os sentimentos,
Congelar a dor interna,
Fingir como o poeta finge,
Que é irrisória a mágoa,
Apenas deixar ir de vez,
Como se faz na meditação,
Liberação da distração,
Sanidade ao invés do caos,
Pintar a paz no mural,
Pássaros e bandeiras brancas,
Mesmo quando a guerra explode,
Ignorar as minas plantadas na alma,
Desviar das balas nos sonhos,
Atravessar as fronteiras,
Medos noturnos, fragilidades,
Ansiedades em crises recorrentes,
Para onde caminhamos nessa estrada?
Onde estamos assim tão perdidos,
Fingindo saber a rota do destino,
Quando nem a bússola aponta o Norte,
Os pés já tem bolhas de tanto andar,
Há sede de vida verdadeira,
Há fome de experiências profundas,
Haverá milhões de razões,
Para dizer que está tudo bem,
Para acenar no piloto automático,
Para fechar a porta e impedir a visão...