Travessuras de um poeta
Despalavrei o silêncio
Para ouvir os caracóis
Conversarem.
Disseram-me que o chão
Nada mais era que um céu
De cabeça para baixo.
Recolhi um punhado
De entardeceres no bolso
Da camisa, para desfrutar
Na seca do sol escaldante
Ou inventar uma chuva
Colorida.
Viajando... Vi um peixe
Mastigando um poema
Degustando o vento
Soprando um arco-íris torto.
Sinto-me sapo de cabelos
Grisalhos, casa para os líquens
Habitam-me sem alardes
E, brotam verde-acinzentados
Nas bordas do meu pensamento.
Depois do poema feito
Descobri: para viver bonito
É preciso nascer invertido
Despentear a alma com todos
Os ventos encaracolados.