Travessuras de um poeta

Despalavrei o silêncio

Para ouvir os caracóis

Conversarem.

Disseram-me que o chão

Nada mais era que um céu

De cabeça para baixo.

Recolhi um punhado

De entardeceres no bolso

Da camisa, para desfrutar

Na seca do sol escaldante

Ou inventar uma chuva

Colorida.

Viajando... Vi um peixe

Mastigando um poema

Degustando o vento

Soprando um arco-íris torto.

Sinto-me sapo de cabelos

Grisalhos, casa para os líquens

Habitam-me sem alardes

E, brotam verde-acinzentados

Nas bordas do meu pensamento.

Depois do poema feito

Descobri: para viver bonito

É preciso nascer invertido

Despentear a alma com todos

Os ventos encaracolados.

Paulo Cesar Coelho
Enviado por Paulo Cesar Coelho em 20/11/2024
Código do texto: T8201040
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