Veneno
Num mundo tão pequeno ao infinito
Em mim mesmo moro
Não sou o corpo em que habito
Nem sou de mim o que ignoro
Quando alguém me diminui
Com algum tom pejorativo
Digo: o que de mau da boca flui
Mostra o ser diminutivo
Saber-se grande, se preciso
Ou menor quando convém
Não ser na vida um indeciso
Nem ser na morte um ninguém
Não se vender ao se doar
Nem se calar ao se doer
Não se render sem nem tentar
Nem se tentar pra se perder
A vida é muito perigosa
Num mundo tão pequeno
Às vezes cura é venosa
Mas pode, às vezes, ser veneno.