Um ano e um dia
Um ano passou desde o último poema.
Passou efêmero, com a promessa de um endividado,
quão rápido e voraz como a fome que não se sacia.
Desse súbito cotidiano de afazeres
sempre resta um fim noturno
terminado em renúncia e calmaria.
Como a de um rio que passa e fica em seu leito,
um seixo, um abraço que não chega,
um vai embora e que transmitiu o instante
que já não é mais.