Meu verso

Meu verso é minha cachaça. (Carlos Drummond de Andrade)

Meu verso é minha cachaça.

Mas não é vício, não!

É gole casual,

Que vem em dia de festa,

Final de ano, carnaval...

Vem, vai embora,

Descansa, descansa.

Quando volta,

Às vezes avança,

Caminha pela tristeza,

Exalta a beleza,

Das gentes,

Beleza de dentro,

Beleza de fora,

Beleza da natureza...

Às vezes fica rebelde,

Reencarna a juventude,

Mais guerreira, sonhadora,

E sonha com atitudes...

Concretas, repletas,

De construir utopias,

Realizar fantasias...

Sempre, sempre

Tão longe de acontecer...

Então ele se encolhe,

Se recolhe, só olha,

Como alguém que vê o outro,

Ensimesmado, deslumbrado,

E cumprimenta entredentes,

E segue em frente,

Em silêncio,

Nesta vida de ilusões...