O céu não é de algodão
Construímos ilusões,
Pretendendo nos agarrar,
Em vãs afirmações,
Mas o irreal termina por esgarçar,
Na solitude de tempos infindáveis,
Onde corpos se procuram no desencontro,
Buscando matchs coroáveis,
De príncipes que se tornam sapos no desconforto,
O céu não é de algodão,
As nuvens não são pinturas animadas,
Nossa realidade é de solidão,
Quando não enxergamos nossas almas inacabadas,
Somos um esboço do que queremos ser,
Buscando seres completos que não existem no desejo,
Pois é no percurso que o humano realiza o seu fazer,
Nem de longe contém o pretendido lampejo,
Porque sempre falhamos miseravelmente,
Somos perecíveis em beleza e potência,
Erráticos em comportamentos que turvam a mente,
Na jornada da teimosa persistência,
O céu não é de algodão,
As lágrimas que precedem o crepúsculo,
Dissolvem os romances do coração,
Enquanto nos apequenamos em um triste opúsculo,
O céu não é de algodão,
Seguimos como anjos caídos em busca de redenção....