Versos líquidos

Paredes escritas com hieróglifos,

Passados-presentes giram no tempo

Tudo o que escrevemos se esvaindo,

Pensamentos se perdendo num clique,

A vida se equilibrando em hologramas,

Entre o digital mundo líquido...

Os versos procuram poesias,

Presos em labirintos de amanhãs,

Embriagados em taças de vinho branco,

Perscrutam o outro lado do vidro,

Micro cena em um globo de cristal...

De amores às amizades que se esvaem,

Seguem cursos de existências findas,

Em diários queimados em fogo arisco,

Quando o frio sopra seu gelo sem trégua,

Não há nada que dure nessa época,

Entre o digital mundo líquido...

Os versos nascem para morrer,

Na transparência de sentidos vãos,

Perdidos em feeds esquecidos,

Rolados para baixo no fundo do poço,

Onde só o silêncio faz morada...

Em versos líquidos afoguei sentimentos,

Para emergir de águas que me afogaram,

Restauração de consciência e coerência,

Cada palavra dissolvida em efervescência,

Desaparecendo no abrandamento,

Quando disse adeus ao mar de ilusões...