Ao inaudito
Quero intuir palavras dentre as veias,
trazê-las quentes ainda da corrente
senti-las arrefecer em meus lábios
para moldar um código indizível
Que língua estranha essa do meu peito:
tolhe-me as pernas e o raciocínio
irrompendo em descompassado palpitar,
vertiginosa em desmesura, machuca ao despontar
Esfacelada desde o nascimento,
nunca contempla o sopro que lhe deu impulso
ao coração resta tentar de novo:
reivindica as mãos ante o intangível
embarga os sons despidos pelo uso
e continua sua canção, esperançoso
de que um outro, inaudito, o escute pulsar