Ao inaudito

Quero intuir palavras dentre as veias,

trazê-las quentes ainda da corrente

senti-las arrefecer em meus lábios

para moldar um código indizível

Que língua estranha essa do meu peito:

tolhe-me as pernas e o raciocínio

irrompendo em descompassado palpitar,

vertiginosa em desmesura, machuca ao despontar

Esfacelada desde o nascimento,

nunca contempla o sopro que lhe deu impulso

ao coração resta tentar de novo:

reivindica as mãos ante o intangível

embarga os sons despidos pelo uso

e continua sua canção, esperançoso

de que um outro, inaudito, o escute pulsar

Pandorahightech
Enviado por Pandorahightech em 29/07/2024
Código do texto: T8117345
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