Assemblage
Não queira corrigir as pinceladas de Van Gogh.
Se minhas cinzeladas magoam os traços de Rodin,
que há de errado!?
Não é minha pretensão recriar o Frankenstein.
Mas me é de direito não ser tão apropriado!
Ser torto e azambrado
na exatidão da sua perspectiva;
oblíquo no seu ajuizar retilíneo;
vesgueado no seu ponto de visão...,
não faz de mim um bostético bestificado.
Muito sutilmente, faço a assemblage do meu livre pensar.
Exercito a licenciosidade autoral que me é de direito.
Grampeando texto sobre texto,
picotado de outros texto,
remontado de textos outros,
que já foram pretextos de outros muitos textos...
Estou assemblando textos!
Convenhamos que a originalidade
está no perpasse do pensar.
Não no que é escarrado e cuspido!
Não necessariamente em Carrara esculpido.
Tão pouco refinado pela egolatria do obsoleto,
da velha e carcomida ordem,
caída em desuso,
que já não mais cabe na desgracença do novo.