De pedra à pó

De pedra à pó

Cansou a pedra, do caminho, da chuva, insistência e riacho.

Do pó cansado de estrada, dos uivos e ventos que morrem.

Do tropeço do andarilho, do cego ermo, só noite.

Da inércia, dura e desprezo.

A rocha dura que bate, e quinas que tão machucam, da existência sem dó.

E cansa, horas, ponteiros, e muitos partem daqui, e a pedra, bem que só, fica.

É partir e dissipar, a nuvem feia, maciça, oh, pedra que sangra tanto.

Em resquícios, tudo é nada, do pó, que fazes voltar.

Poeira de chão pisado, é pô, outra vez, pedra bruta.

Demora somente um tempo, resquícios, cascalho e partícula.

Suntuosa, imponência, pedra de tumba, que resta.

Daqui um vento, nem poeira, nem lembrança.

Cansou a pedra...

João Francisco da Cruz