Quadros Vivos
Quadros vivos
E se não fosse este choro, um riso infeliz, um ar de fingido, bem tolo.
São quadros vivos e tintas, de sóis e luas bonitas, um temporal.
Bem lava, que leva na enchente da gente, na primeira curva, a esquina mata.
De quadros e quadrados, uma terra, céu, um diabo, um deus , uma gaiola, um medo.
Se fujo deste mal, deslizo de pincel uma felicidade boa.
Nas gavetas minhas, coleciono cores, flores cansadas de nada.
E o choro persiste dentro, não passa a dor, nem unguento, o medo é sagrado e perfura.
Lá na parede, acusam, os ponteiros afiados, à morte que faz recluso.
Invento atalhos e quadros, minto de giz e pincel, o sorriso é uma estampa.
Do mais, são as horas, estes dias, molduras frias e vãs, um passa tempo de vida.
Vejo no espelho a feiúra, de curvado e velho, nem tintas disfarçam mais.
E se não fosse este choro...
João Francisco da Cruz