Manto

O manto desceu, de escuro e solidão, fecharam se as veredas, o sol adormeceu.

Dormiu o bêbado, o corpo sujo de riso, de travesseiro, a uma calçada.

O homem de terno fez de cabeça e desdém, a santa deu um sorriso fingido.

Do sereno, a gota fria, molhou a goela sedenta.

A lua teve pena.

O inferno implorava à morte, não obstahte, um anjo bem negro se fez salvação.

A estrada densa, de túnel fundo, de medo e mato, via demônios.

Garganta seca, fétida alma, gozo de cão, embriagado.

Naquele dia, o velho ancião cruzou o atalho, de barba e alva, de pele preta, sabedoria dos céus.

E lá bem fundo, da trilha densa, o louco viu uma luz.

Um deus, de nave e esfera, de mundos longos, curou o ébrio, o pobre diabo

E reluziu, na alma rica, o moço feio, o bom farol.

Saiu da mata, do vil caminho, deixou as sombras, o manto fosco.

Raiou a paz, de pomba, céus, venceu a guerra, seguiu caminho.

O manto desceu...

João Francisco da Cruz