As Mazelas da Rosa
Na sangria que esconde, dói, ferida de beleza, a Rosa.
Tão tocada, cobiçada, não vê o homem, a dor que escondes.
De espinhos e mazelas, da rosa vermelha, amarela, esvai se aos poucos, em murchez.
E dos canteiros, colhida, chora de derradeira, um enfeite tão curto.
Não sabem as almas, que dói a Rosa, o corte, o fio, a lâmina que sangra, uma beleza sofrida.
Num vaso curto, de adorno bem mesquinho, morre lenta, a flor chorosa.
E em tumbas e coroas, tão mortas são como o tal.
Dormida é a alma que não vê, a morte cortada e formosura.
Como um pássaro em gaiola, em clausura morre a rosa, devastada e espinho.
Na sangria que esconde...
João Francisco da Cruz