Escrever, ambiguidade...
Escrever, ambiguidade…
Porque melhor que escrever, somente não existir.
Estar aqui, ambiguidade…
Vai ter que decidir, depois que escolher.
Sim ou não:
O que é bom pra mim, não me convém…
Sim, não:
O que é bom pra mim, meu veneno…
E o que é bom e o que é mau, é só questão de distância…
Escrever, ambiguidade…
Porque melhor que existir, somente escrever.
Existir, ambiguidade…
Porque vai ter que aprender com o que não é professor.
Dor, aqui agora, um pouco distante…
Quero alívio um instante…
Mas eu detesto o pensar que fugi... eu escorracei
Meus dêmonios.
Escrever, ambiguidade…
Porque melhor que dizer, só sugerir, exprimir…
Lançar-me para fora de mim
É o gesto que não posso…
É o gesto que lanço mão com a mão que não tenho…
Estou cansado de ser um destroçado
Na calçada do tempo…
Escrever, ambiguidade…
Na borda do bosque
Engulo uma nuvem
Emito um rasgo!
Quem dera o livre:
Mas o traço, o troço, a voz, o falo.