Odeio a poesia
I
A poesia me ajuda a odiar a vida
Ela, veneno amargo que aprendi a tomar
Num vício que só a tumba há de curar.
Poesia, ridícula forma de suspirar.
Deixo-me ser todo teu, e já me odeio
Pois durmo e logo veem-me cenas de um lugar
Todo negro, e naquilo que chamamos pesadelo
Acho, nas alturas da agonia, o meu lugar.
II
Odeio a poesia
Ela assim, que me fecha os olhos
Quando preciso estar atento
E me mantém sonolento
Em noites em que não posso descansar. Tudo culpa dela
Cadela suja e violenta
Que canta sua canção muito bela
Quando estou terrivelmente perdido.