ARTE POÉTICA. IV: Microcosmos
Farei agora
poemas nebulosos,
siderais,
cheios de idéias
em contínua expansão,
densos com os detritos
da explosão primordial.
Usarei palavras metálicas,
metáforas diáfanas,
rimas supernovas.
Poemas saturninos,
lunares,
intergalácticos.
Onde o cintilar de anos-luz
irmana-se
ao breu dos buracos negros.
Que vibram com o frenesi
de partículas subatômicas.
Com a violência incontida
de tempestades solares
e o glamour fosforescente
de caudas de cometas.
Depois
vou dispersá-los
em poeira púrpura
e entregá-los
ao vazio
e ao silêncio
dos frios espaços
interestelares.