APENAS O POEMA

 

Anseia-se o beijo tal qual um copo d'água.

Sedentos de afetos e carícias,

De mãos para afagar os cabelos emaranhados;

Carentes da palavra doce que acaricia a alma,

Do amor que amortece a dor do viver.

Ventos cortam capins e milharais.

Um pouco menos de apatia.

De poesia, um pouco mais!

 

Secas enegrecem os dias do sertão.

Quem nos dera contemplar apenas mais uma vez o mar!

As ondas que sussurram marolas nos corais.

Então, ao invés desta melancolia,

Estrelas para enfeitar a noite do meu bem.

meu doce bem...

...Nunca mais veio

Nunca mais vem!

 

Enquanto isso as folhas despencam lá no quintal.

Um mormaço que rouba a calma e o fôlego.

Nos músculos, miastenia,

Na mente, nostalgia...

Um riso falso para enquanto preenche-se os pontos do bordado.

Moinhos e cata-ventos.

Um silêncio mordaz.

Uma saudade voraz.

De sabe-se lá o quê!

De lugares que não se sabe onde.

De abraços sabe-se lá de quem!

De planícies que ninguém vê!

 

Vivência suportável...!

Não basta ser poeta;

Deseja-se ser amado.

Desejado

Ansiado…

 

Mas já que o sol se pôs sem mesmo brilhar,

E nem a chuva caiu para aguar as pequenas flores da ribanceira,

Deixa estar, mesmo este marasmo

Este fiasco.

Enquanto o poema escorre por entre os nós dos dedos.

 

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