A POESIA E O INFINITO
Gostaria de pintar em versos
As paisagens mais belas e aconchegantes.
Trazer dentro dos meus limites
As cores daqueles cenários inesquecíveis
Em que um dia eu me abriguei.
E se for possível, segurar com as mãos
Uma fração que seja do infinito
No instante inesquecivelmente ontológico
Como o meu próprio olhar furtivo
Contemplando as coisas naturais
Que compõe certas totalidades
Mais acessíveis ao meu ser sonhador...
Em instantes subsequentes,
Numa duradoura epifania,
Poder perceber com todos os sentidos
A grandeza de um mundo paradisíaco
Revestido de toda sorte de pradarias
Montes, árvores, céus e mares.
Gostaria de fazer reviver os sentimentos
Mais profundos da minh'alma
Como um gosto de eterna surpresa
Sem aquele gosto de adeus,
Ou uma saudade em meio ao infinito
Despertando fluxos de memórias adormecidas.
É daí que as melhores canções
E os grandes poemas
Podem brotar perfeitamente
Como um céu que se abre plenamente,
Um azul de inocência por todo amplo horizonte.
Eu tenho para isso todos os sentimentos
Para tirar do esconderijo do coração
A lírica mais singela e verdadeira.
E hoje eu só quero estar solitário
Nas tardes de por-de-sol
Estranhamente saudosistas,
Ou nos extremos limites
Entre a madrugada e o amanhecer,
Entre os pontos escuros da noite
E o progessivo alvorecer,
Para então conseguir irradiar
Inspirações contínuas e autênticas.
São nesses dias contemplativos
Que reservo alguns momentos
Para me manter absorto
Entre lágrimas e sorrisos...
Me permitir aos instantes
De melancolias repentinas,
De despertar lírico e poético,
E de embevecimentos excelsos
Como a mais lívida experiência da alma.