A queda
Abriu os olhos, era noite para seu espanto
Recorda do dia, mas já dominava o breu
Não lembra da queda, só de acordar no canto
Não sabia explicar como aconteceu
Olhava flores, recitava primaveras
Nas paisagens via mundos impossíveis
Hoje o vento não refresca esperas
Romances lhe soam inverossímeis
Sacudir a poeira, dizem que é a receita
Sem se importar em ir devagar
Dói menos quando se aceita
Quem sabe uma quadra para começar
A fisioterapia pode ser angustiante
Mini ações quando o que se quer é voar
Mas com músculos atrofiados
O novo sucesso é a coragem para se levantar
Mesmo lamúrias soando lenga-lenga
Do universo, reclame seu espaço
Não tenha vergonha de poesias capengas
Elas servirão para seus primeiros passos
Quiçá lhe olhe diferente aquela flor
E a paisagem lhe tenha algo a dizer
Andando, reencontre o amor
Para ele, floresçam poesias num buquê!