Apoema

Busco o implacável no palpável ódio

Que conta o incontável ao Impuro Viver.

Uma canção que sussurra a imagem de seu ser:

Inexista à mercê do furor ilógico.

Procuro minha morte onde um dia eu vivi

E clamo ao Senhor que eu não chore jamais:

Exista a morte onde um dia eu morri

E clamo ao Senhor que eu não viva demais.

Encontro o perdido à imagem do que já fui

E do passado marcado pela lógica imoral.

Possuo a existência de quem já não flui

E retoma seu espírito à dor marginal.

Uma escuridão que mastiga a essência da alma

Que grita sem voz num vazio abissal;

Acalentando seu pescoço em sisal,

Apaga sua inexistência sem calma.

Por isso, remonto o que um dia quebrei

E se materializa numa mórbida paixão.

Entre paredes para que não cause moção:

Sozinho reconheço o meu eu.

Não tento quebrar o que rejunta meu coração;

Não tento rimar para que se tenha uma função;

Não tento escrever para que se expresse uma emoção;

Não tento estruturar uma breve canção;

Não tento registrar um mero bordão;

Isso não é um poema.

Matheus Guaraná
Enviado por Matheus Guaraná em 30/07/2023
Código do texto: T7849247
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