VIAGEM LITERAL
Aposto todas minhas setes vidas secas:
Antes da sede, ainda canto neste calvário.
Não saberia cantar, se estivesse lá no exílio,
Com frio, como lobo morto naquele fogo sombrio.
Sofro e venço a influência má dos signos do Zodíaco
Pelo insano senso de ouvir estrelas no céu deserto.
Não finjo deveras dor, só suporto o fruto amargo…
Moro entre feras: triste amor soletro em trovas!
A noite não me dissolve - encontrei remédio
Depois de um encontro marcado comigo mesmo.
Com felicidade declarada (não clandestina),
Vejo o tom suave das pálidas faces da aurora.
O temporal foi brando; a crença ainda vive!
Não foi infinito nem imortal o amor que tive.
Mas, de repente, sinto o leve branco das brumas.
Sem pedras! Desejo afagos e beijos, não dramas.
Exaustão quimérica; injusta solidão;
Sentido fingido; cintilante coração.
De raiva ou de espanto, abro a janela
Do quarto na escuridão da noite muda.
Não posso cair no sono.
Resta, ainda, um passo de dança.
Sem medo, subo as escadas do poente
Em busca do arrebol.
Vejo uma saída, uma ponte
Além da tortuosa ladeira.
Venço! Ninguém me chamou
Para ver o pôr do sol!
Poema selecionado para publicação:
Concurso Literário Antologia
Poesia BR_6 (Editora Versiprosa)
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