Insípida e mórbida máquina
Escrever em meio ao caos
Equivale a andar sem chão
Ouvir Bach na multidão
Ir do Chile até o Laos
Com uma exceção:
De caminhão
É o mesmo que chorar sem lágrima
Telefonar sem dracma
Consertar falha geológica
Explicação astrológica;
A escrita, cômica ou trágica,
Ou simples falta de lógica
(não) Chega num passe de mágica;
Quem escreve, caminha no escuro
Com incerteza do futuro
Sem ter medo do obscuro
Nem da possibilidade
De bater a cara contra o muro...
Escrever em meio ao caos
É só para quem não tem escrúpulos
Para os lúcidos não lúcidos
Os desregulados de sensatez
Quase beirando a estupidez
Afinal, se não há chão para andar
Só me resta flutuar;
Escrever é para poucos
É para os loucos