Eu poemo

Eu poemo

Tu poemas

E não me venha

Por contenda

Procurar o que me detenha

Ou me condena

Eu poema

Tu poemas

Eles ou elas

Ainda não sabem

Que Todos podem,

Que todos pensam

Que Todos sentem,

Que todos choram.

Poemo não porque

está tudo bem

Ou belo

ou quieto

Eu conjugo sim, poemar

Que é verbo

Pra quem sabe navegar

nas ondas do imaginar

De ondas que libertam

gotas de um chorar

Tantas vezes contidos

E escondidos nas águas escuras

Que só ao se escutar

Pode inundar.

Será que foi assim

Que inventamos

O verbo poemar?

Poemar é verbo interventado

Desde que o mundo tem

pisantes que dá voz ao coração

Foi formado assim:

Metade tem se por

Metade tem se mar

Começou lá com

Um por do sol

E com águas se encontrar

Num momento que virou

Sobrevivência e urgência

A beleza e o silêncio contemplar

Neologismo, de fato!

Ora, nem vem ao caso

Se é embaraço

O que uma a alma

É capaz de expulsar

De tantas lembranças condensadas

Empoeiradas e largadas

Pra mais um dia aguentar

Quantas pequenas águas salgadas

Estavam estocadas

E queriam rolar

Por já não suportar

Sem mais espaços

Entre tantos silêncios guardados

Palavras e memórias ficam pesados

e intalados rasgando no peito

Só são carregados

Porque a alma cresceu

Pra caber tanta humanidade.

Ludeletras
Enviado por Ludeletras em 09/05/2023
Código do texto: T7783764
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