Pingos nos is
“Preciso por os pingos nos is....
Dentro de mim
Me conjugar certo
Saber meu verdadeiro verbo
Me redescobrir como sujeito principal
Preciso por os pingos nos is...
Me acentuar melhor sem temer as vírgulas
Encarando todos os advérbios de tempo
Que me cobram o lugar certo para se estar e o modo de agir...
Preciso por os pingos nos is....
Recobrar meus predicados
Estar no presente
Guardando o passado de nome formal Pretérito
Mas que me ensina a ter vocativo
Para sonhar um futuro do presente
Sem temer aos subjuntivos dos percursos
Driblando coordenadas
Me acertando com os meus esquecidos adjetivos
Preciso por os pingos nos is...
Para que as linhas da minh’alma tenham
Coesão de aspecto e coerência de ser...
Para que o início, meio e fim se desenvolvam entre si
Sem que minha essência seja subordinada...
Preciso por os pingos nos is...
Reencontrar meu singular em dias plurais
Ser voz ativa em amizade com a passiva
E ter meus números e graus concordante em minha pessoa....
Abstrato contrasta com o concreto
Comum e próprio se beiram
Denotativo e conotativo só querem se definir
Os parágrafos querem ser recomeçados
Sem ter tantas aspas
Para que verdades sejam diretas
Sem oposição do o indireto
E com decisões sem temer aos pontos finais necessários
Com o acerto dos pingos nos is,
Os parênteses terão seu descanso
E o significado enfim com seu significante...”
Charlene Santos *Alma e Poesia