D'OUTRO POEMA xx

Porque existo

Penso, transpiro

Regurgito as palavras em que me inspiro

Tratado, traído

Cada frase é uma existência plena

Que eu transmito

Como os poetas, doidos varridos

Que de poesia tem pouco

Mas de muito têm louco

Como os viajantes fazem

Não percorrendo a estrada

Mas fazendo de sua história caminho

Assim é aquele que viaja

Vai de muitos acompanhado

Mas na senda anda sozinho

Cada um é uma persona

Cada persona é o outro

Teve dias em que fui aquilo

Os que não fui, sendo d'outro

Cada verso que proponho

Já foi meu puro desgosto

E meu assombro

Reverso do próprio espelho

Reflexo meu invertido

Cada verso é uma afronta

Cada estribilho é fingido

Mas o poema deveria a teus olhos parecer falso

O Inverso da própria lucidez transmutado em loucura

Deveria a teus olhos parecer uma coisa

E não mudando o sentido se camuflando em outra

Simultâneo

Assíncrono

Nefasto

Insano em sua insensatez

Um desastre

E esse poema saiu

Um insulto à permanência

Mas deveria nunca ter sido invocado a se materializar nessa existência...

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Selton A Jhonn s
Enviado por Selton A Jhonn s em 27/11/2022
Reeditado em 13/04/2023
Código do texto: T7659020
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