AO SENHOR BRASIL...SIM SENHOR!

Na poesia nada é por acaso.

Meu poema converge à sua vital poesia...

Porque sinto que sua partida foi simbólica.

Foi grito frutífero ao que não pode acabar.

-Vai embora não, fica com a gente, Senhor Brasil.

Que nos seja o Senhor o eterno canto

Da voz perene daqueles tempos que se vão

Embora, saiba Brasil , sempre nos ficarão.

Quantos causos, meu Senhor....

Quantas boas risadas sertanejas.

Naquelas suas hilárias histórias de pescador

Quanta emoção nos versos "tão singelos"

No rico e acalorado violão da Inezita

Soado dentre os acordeons

Dos tantos Senhores Brasis mudos

Escondidos mas revelados mundão afora.

Quanta metapoesia a se gritar aqui.

A se cantar dum Brasil que ali seria sim, para sempre!

Nas notas harmonizadas que soavam pelas manhãs dominicais

Onde o tempo , ao menos na tela,

Sempre se renovava na esperança de ser e ficar.

Quanta beleza nos trouxe, meu Senhor.

Senhor Brasil das todas as ricas miudezas delicadas...

No rendilhado que arrematava os palcos,

Na chita colorida que realçava os cenários escuros

Em cada cantinho da nossa emoção ali revitalizada.

Brasil, Senhor,

Do rico artesanato, do sacro santo de barro

Que amalgama a dureza à fé das vidas;

Das tantas cidadanias olvidadas,

Todas misturadas ao mesmo pó com o qual se faz versos soltos

Pulsantes e fustigantes!-às vezes vazios-

Pelas rimas plenas do tudo de tão forte que não morre nunca.

Quanto mimo acarinhado, meu Senhor...

Senhor Brasil, sim senhor!

Da mulher namoradeira tão graciosamente

Ali exposta com toda arte pelas janelas que se abrem a todas as calçadas

Dos passeios coloridos

Das Históricas arquiteturas umedecidas pela brisa dos mares tantos

Os que margeiam as amplitudes das nossas ondas de sonhar ser.

Brasil do pícolo, da flauta doce e da sanfona.

Do Forró, do Frevo

Do Xote e Xaxado.

Do Baião do Gonzagão...

Do Axé ao arrasta-pé!

Brasil, grande Senhor,

Multi tudo!

Da Alegria e da tristeza.

Da raça única e inigualável

Miscigenada de uníssonos sonhos advindos de tantos caminhos negados.

Dos tantos direitos sonegados.

Da terra vermelha santificada

Dos Catulos das Paixões!

Onde um pião- ainda e sempre!- gira na poesia das lembranças que pulsam

Sob os pios dos já roucos canarinhos da terra

A fazer sonoplastia aos nossos jogos suados pelas amarelinhas dos tempos.

Brasil da pipa que voa alto ao menos na ilusão de criança.

Ah, senhor Brasil...

Responde ao meu verso, ao pé do ouvido:

Para aonde irá a sua voz nos cordéis por vosmecê declamados

Que tanto cantou os versos ritmados e dependurados nas cordas tênues das vidas

Os que soavam à nossa emoção

Fluidos das vidas ali contadas e cantadas

Muitas "marvadas", é verdade

Ao âmago dos nossos corações?

Faz isso com nóis não, querido Brasil!

O meu Senhor não morrerá nunca!

Ainda que desapareça...

Num breve resfolegar do Oiapoque Ao Chuí

Sempre nos haverá uma sua "viola a soar mais alto

Ao nosso quarquer desengano."

Quantos.

Porque vida é poesia...

E poesia que nasce da terra... é para sempre.

Ah, Senhor Brasil

Nós aqui apenas cantaremos a sua saudade.

Saudade do que fomos e somos...e do que queremos ser.

Assim, da surrealidade dum metaverso brando.

Canto-lhe minha saudade da boa...

Ao tudo aquilo que nasce para nunca mais morrer.

Ainda que seja para apenas viver dentro das memórias das gentes.

Fique na Eterna Paz , meu querido SENHOR BRASIL.