O filho que não era pródigo

Não saíra de casa como fez seu irmão,

Ficara com seu pai...

No entanto perdeu-se de si mesmo,

Sentiu-se só...Um vazio...

Sonhara em ter saído de casa, de ir além, como fizera seu irmão...

Escrevera milhões de poesias,

Góticas, depressivas, de solidão,

Era um poeta, um pobre poeta...

Seu pai não percebera que seu filho estava perdido;

Sim, a poesia é perdição...

Nela nos perdemos e reencontramo-nos...

Aquele filho que não era pródigo era leitor voraz de Camões, Drummond, de Pessoa

Lia Lispector, lia Assis, lia tudo aquilo que a escola lhe pedia;

Só não lera mesmo a bíblia,

Era ateu, um ateu descrente da vida e do mundo,

Aquele filho não saíra de casa era pródigo e não sabia,

Ou talvez não era tão pródigo assim, estava achado já que a poesia tem esse poder: de perder quem está achado e de achar quem está perdido.