PLENITUDE - Luiz Poeta Luiz Gilberto de Barros
PLENITUDE - Luiz Poeta Luiz Gilberto de Barros
O verso solta-se de mim... e eu nem o chamo;
ele é rebelde,livre...leve...afetuoso
...mas me copia, basta só que eu reclame,
que ele me vem... e me faz bem... maravilhoso.
Às vezes trôpego, estranho, surrealista,
ele tropeça em alguma redondilha;
solto no vento, ele é um alquimista
de abstrações como um cometa...que nem brilha.
Noutro momento, ele é concreto: ocupa a folha
como um veículo em alta velocidade,
um transeunte eventual, para que eu colha
sua mensagem...o estupor é uma...cidade.
Ele é um índio, um mendigo, um acrobata,
um menininho sonhando...um triste... idoso,
a bailarina dançando, um tiro que... mata,
um cachorrinho, um assaltante perigoso.
O verso vem qual vento bom ou...um ciclone,
um maremoto, um navio à deriva,
uma libélula, uma flor... o verso é clone,
um drone, a dor mais contundente ou... expressiva.
Para que eu viva, cada pétala cardíaca
sabe onde fica o verdadeiro coração,
ela é lírica e também tão... expressiva,
o verso é óbito e, também, superação.
Porém, no instante em que me vem a abstração
mais nebulosa, sonolenta, entorpecente,
ele me leva para outra dimensão
onde a razão é vã e...subserviente.
Há um momento, entretanto, em que o verso
é tão macio, afetuoso, emocionado,
que até pergunta e eu respondo, assim, converso
com o silêncio que repousa do meu lado.
Quando, um dia, meu verso silenciar,
meu riso tênue e uma lágrima macia
hão, finalmente, no meu sonho, repousar
e se soltar na plenitude... da poesia.
Às 8h do dia 13 de junho de 2022 do Rio de Janeiro - Marechal Hermes - Registrado e PublIcado no Recanto das Letras.