BRINCADEIRA DE POETA // DESCONSTRUÍDO
O poeta brinca de brincar com a alma
Corajoso
Intenta parar de escrever
Mas o vício corrói
A súbita abstinência de palavras
Escraviza e faz sofrer
O açoite não trás calma
Só precipita mais chuva
Que inunda e esfria a alma
Pobre poeta
A água lhe molha a face sofrida
Nem sabe se lhe resta muitas opções ainda
Na obstante história vivida
Mas de uma coisa ele sabe
Tentar é errar
Resistir é inútil
Acertar é horizonte distante
Tanto quanto uma palavra da outra
Ele mira
E passa entre meio a pausa das palavras
E vibra em meio ao rugir do silêncio
E para diante da muralha
Como vil esquecimento
Amanhã continua o sonho
Hoje não
Não mais
Até quando então?
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Um dia tentei
Outro dia acertei
Noutro dia evitei
Mas não é minha escolha
O que será de mim então?
Poeta falido
Exilado e degredado
Em mar de imaginação
Em terras de fascinação
Desconstruído pela ambição de não ser mais um
Em meio a concepção
27/06/2022
10:56hrs