A PÉROLA DOS POEMAS 16 💠
Lá pelo portal dos anos o poema abre o trinco
Vem se arrastando e seus rastros são palavras desconhecidas
O panorama é totalmente favorável ao propósito
Caos
Caos ativo e inóspito
De súbito, um velho poema ele já não é mais
Se transformou em guerra ou numa besta voraz
Que devora quem o desafia pois de calmo só tem a aparência
Então?
Quem é o próximo a ser imolado pelo esbravejar da fera?
É há de degladiar como se fosse um dos seus iguais?
Todos se esconderam
Mas ainda dá pra ceifar uns corações intrínsecos
De besta ele se transforma em uma amorosa e gentil donzela
que de convincente não tem nada pra enganar os mais inquietos e aflitos
E vai de frase em frase até virar uma expressão
Que ilude com sua beleza até o mais displicente cidadão convicto
Agora já não é mais uma figura feminina e pura
Virou veneno e pra cura
Não se há de achar antídoto
Ouve a pérola dos poemas
Que se fecha em sua ostra
Do recôndito do mar
Ele sobe
E há de sair à tua boca
Tem muito pouco de sanidade
E há de deixar a tua mente louca
Seja num canto de saudade
Ou no mudo desespero e ânsia sem remédio
Que da tua alma brota!
23/06/2022
11:33hrs