NÃO ENTENDA AS PALAVRAS

Não queiras entender as palavras raras

Escassas de significado

Escassas de plenitude

Porque te perderás

Te perdes em querer compreender

e ser compreendido

Em amar e ser amado

Na labirintite do amor sangrado

Se encontrarás desorientado

sem entender tão intrínseco

clamor declamado

Não queiras repetir as palavras

só porque as ouves e te admiras

Só porque achastes bonitas

Mas vistes apenas a casca

E à noz não provastes ainda

Nem seu mel e essência

E ainda assim as repetes nesta gafe

"Você viu? Que imprudência!"

Não arrisques

Mesmo que por inocência

Não te faças de cúmplice ingrato

Muito menos de meliante armado

Mas ouve

Ouve o sussurro declamado que eclode do céu da boca

E espoca no ar feito céu inflamado pelo sol

De letras e torpor iluminado

Escuta

Ouve

Aprecia sem ser descuidado

É seu primeiro estado

inocente, incompreendida

Uma palavra nasce impregnada de significado

E ainda não entendes o verbo em ação impostado

Olha o teu reflexo nublado e aspira

Inspira

Cuidado!

Palavras são frágeis em seu estado de nuvem

Parecem que estão, mas não são

Às vezes são, mas não estão em seu perfeito estado

Se levares a mão evaporam e somem sem deixar bilhete ou recado

Até que alguém as entenda

Até que flutuem e precipitem no ser subordinado

Nao emitas ecos

São palavras pela metade

Reflexos discursados pelas paredes

Não cantes as palavras como quem joga fora a poeira acumulada sobre o tapete

Semeia tuas palavras ao vento como quem planta o mais sucinto dos verbetes

Pra que o ouvido de quem ouvir nunca se esqueça que palavras em falsetes não é a mesma coisa que palavras falsas

Corrobora a síntese das palavras em metáforas

Em anacrônia dúbia se revelam essas andarilhas viajantes

que não param nem estacionam

Mas sê tu também um viajante

E desliza no desenrolar dos verbos deflagrando monarquia em arrojados palacetes

E quando os pobres mortais

se polemizarem

se atravancarem

Em meio a vãs discussões

Em meio a propensos enredos banais

Defende-te com as palavras tais compreendidas e assimiladas

De bálsamo benigna e absorvida

Palavras em epitáfio dos momentos cabais

Pois é morrendo de palavras

que podes te trazer um eterno prazer sem chegar aos finais

Mente aberta e de ignorância dissolvida

E da palavra ingrata

Ferina

Te ancorar de entorno à vida

13/06/2022

10:47hrs

Selton A Jhonn s
Enviado por Selton A Jhonn s em 13/06/2022
Reeditado em 13/06/2022
Código do texto: T7536845
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