O POETA EM DESESPERO
Do sinal vermelho é
que germina o poema
A urgência do sopro
Os silêncios do corpo
Paira no tempo após
a ideia que grita
O vômito sem espera
O engasgue que fica
Ninguém pode ouvir
o grito soprado do poeta
É a gênese do papel em branco
Do espaço que chora
à palavra que implora
Os silêncios da tinta
que não chega a tempo
de socorrer o poeta em desespero
Ninguém pode ouvir o
grito entalado do poeta
É grito abstrato que
se faz de retrato
nos relógios perdidos
nos versos abortados
dos amores sofridos
O poeta é um mundo
circunscrito sem destino
porque a poesia só existe
se o tempo lhe permite
o soprar va...ga...ro...so
Mas as cidades são turbulentas
Barulhos suspensos para
todos os lados
O tempo matou o
meu poema.