LUA MUSA
Noite vai alta, lua cheia que comove.
Estrelas fazem serenata cantando em nona oitava.
Cai a noite sem pudor
tal como luva justa
tal como persona non grata.
Toda vez que a lua nasce, nasce também um trovador
Que canta com som da alma
Dedilha as cordas como quem fala em tom de amor
Por toda a noite enluarada.
Essa lua iluminada
enlua e desperta o poeta.
O astro flerta com as marés
e puxa palavras
destras e belas
num pas de deux sincronizado
por vezes emaranhado
debochado até para o mais exigente sentinela.
E ele despeja incessante
todo teor e essência do amor
todo rancor e displicência da dor
Trás todo efeito alucinante.
Talvez nem amor nem dor,
Quem sabe palavras desprovidas de alma
Mesmo assim são palavras,
Não há quem conteste.
A lua e a musa se fundem em uma só personagem
O arquétipo perfeito em sã imagem
recebe homenagens
recebe declarações
recebe paixões
e quão infinitas confissões
cheias de admiração,
e qualquer que se passar por cantor
enche o peito de coragem
pra recitar sua ode ao amor.
Assim são todos os apaixonados.
Assim é todo aquele que é enamorado da lua,
sempre correspondido.
Talvez a musa despreze
Talvez a musa injeite
Talvez coloque defeito
Não a lua, musa perfeita
que parece dar um jeito
pra toda paixão recolhida
guardada dentro do peito.
Lua, lua, lua linda
Lua linda enluarada
Leva a toada que compus
com toda ternura e carinho
enquanto namoro a madrugada.
11/05/2022
09:01hrs