Como os poemas vêm
Vêm como um rio
que desliza da montanha atraído pelo mar.
Vêm como a brisa
que ressuscita uma folha para se mostrar.
Vêm como naturalmente vêm
as notas do canto de um passarinho.
Vêm como a mão amada vem
com a mão amada trocar carinho.
Vêm como o olhar materno
que, nas despedidas, não se despede.
Vêm como a fuga da emoção
que a pálpebra cerrada jamais impede.
Vêm como o diálogo - do encontro,
o sorriso - do contentamento,
o silêncio - da solidão.
Vêm, portanto,
como tudo que é simples vem,
a salvo de qualquer explicação.