Como os poemas vêm

Vêm como um rio

que desliza da montanha atraído pelo mar.

Vêm como a brisa

que ressuscita uma folha para se mostrar.

Vêm como naturalmente vêm

as notas do canto de um passarinho.

Vêm como a mão amada vem

com a mão amada trocar carinho.

Vêm como o olhar materno

que, nas despedidas, não se despede.

Vêm como a fuga da emoção

que a pálpebra cerrada jamais impede.

Vêm como o diálogo - do encontro,

o sorriso - do contentamento,

o silêncio - da solidão.

Vêm, portanto,

como tudo que é simples vem,

a salvo de qualquer explicação.

Antonio R Filho
Enviado por Antonio R Filho em 07/04/2022
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