POEMA E POESIA

Ele era todo Poema, ela era só Poesia,

Ela, muito criativa, ele, muita melodia,

Ela era cheia de ideias, ele era dentro da regra,

Ele, cheio de rodeios, ela era somente entrega,

Ele quem falou do tema, mas ela já percebia,

Ela gostou do Poema, e ele amou a Poesia,

Foram dois dedos de Prosa, e ele, então, falou assim:

“Quer casar o meu Poema com a sua Poesia?

Nunca mais serei tão triste, tendo a sua companhia!”

Como uma boa poesia, a linda moça foi logo expressando seus argumentos:

“Quer mesmo unir meu conteúdo à sua metrificação?

Já sou bem feliz sozinha, mesmo sem formatação...”

E ele, que já tinha esquematizado tudo, todo sério, mas bem lírico, respondeu com dois versinhos:

“ Vou lhe dar minha estrutura,

Mas jamais te aprisionar,

Prometo que serás sempre,

Bem livre pra se expressar.

Só quero te dar abrigo,

Muito bem vou te tratar,

Serás bem feliz comigo,

Acho que irás gostar”

Então ela, que era uma poesia muito da sonhadora e romântica, derreteu-se toda e até corou.

E procurou uma resposta,

E gaguejou um pouco para dar seu sim.

Depois da tossezinha boba,

Ela se ajeitou e declamou assim:

“Sempre desejei abrigo,

Eu sempre quis ter um lar,

É meu desejo profundo,

Ter um Amor prá abraçar!

Gostei da forma que disse,

Seu jeito de versejar,

Serei muito mais feliz,

E aceito ser o seu par!”

O Poema ficou tão surpreso,

E radiante de felicidade,

Já ela, se sentia boba,

Mas a boba mais feliz dessa cidade!

Declamaram sentimentos,

A Poesia e o Poema,

Rimas de palavras doces,

De uma beleza extrema.

Foi um romance tão belo,

Os dois se rimavam bem,

O casamento singelo,

Foi lindo o enlace também.

E assim, perdidamente enamorados e completamente inundados de paixão, o Poema emocionado, fecundou a Poesia com o seu mais puro Amor, preenchendo totalmente sua alma e também seu coração...

E ela, grávida de versos doces e prenhe de tão ternas rimas, somente esperava...

Esperava o grande milagre!... Esperava ela, que o Misterioso Poeta desse a eles a letra inicial de tão formosa criação!

Depois disso, a cada letra, a cada palavra que se formava, cada frase finda, explodia de felicidade! Uma redondilhazinha nova e cada novo versinho era uma feliz vitória!

A Poesia sonhava acordada e se perguntava como se pareceriam os seus rebentos, que estilos puxariam cada um? Sim, ela estava grávida de três lindos poeminhas.

Então, numa bela manhã de inverno, a Poesia trouxe à Luz os seus três pequeninos poemas.

O primeiro era bem pequenininho e perfeitinho, deu-lhe o nome de Haicai. Quando ele queria alguma coisa, era bem claro e ia direto ao ponto, já dizia logo o que queria!

O segundo era o Soneto, mais sensível e exigente, choroso e emocional, bem lírico. Só queria as coisas do seu jeito, era o mais difícil de agradar...rs

Já o terceiro era o Cordel, ah... esse logo mostrou a que veio. Deu trabalho esse garoto! .

Ele era um bebezinho tão interessante e tão peculiar, que chorava e ria numa mesma estrofe...rs..!

Quando ele era mais crescidinho, notou-se traços da estética do pai Poema e das ideias todas da mãe Poesia. Era muito falador e às vezes engraçado, era muito simpático e adorava contar histórias. Por ser muito carismático, fazia amizade com todo o povo da região. Algo me diz que era o predileto da mãe Poesia...rs

E então a vida deles, cheia de belas surpresas, seguiu sempre feliz!

O pai Poema lhes impunha alguns limites,

Revezando seu carinho com um cuidado profundo,

A mãe Poesia os levava pela mão,

Ensinando a importância do Amor em nosso mundo.

Mamãe Poesia os fartava com seus beijos,

Os preenchia de sonhos e de imaginação,

Papai Poema os colocava sobre os ombros,

Brincava com os poeminhas e cantava uma canção.

Então cresceram, protegidos contra o medo,

Inventando fantasias, evitando toda dor,

Era uma vida preenchida de magia, de calor,

De alegria, de beleza e muito Amor!

E assim foi que aconteceu esta linda história de Amor entre a Poesia e o Poema.

E desde então, esse casal com seus filhinhos tem alegrado a toda gente e embelezado o nosso mundo!

E bem felizes eles são e serão, para todo o sempre!

Leila Melo Lima Yamasaki Cruz
Enviado por Leila Melo Lima Yamasaki Cruz em 02/04/2022
Reeditado em 04/04/2022
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