MINIODES

Esses poemas mínimos,

Tamanhos minúsculos,

Carnação sem músculos,

Franzinos, vis e ínfimos.

Esses poemas tortos,

Leves, sentido curvos,

Inertes, sutis e turvos,

Estáticos, quase mortos.

Quase? Às vezes aborto.

Porque, o coração vazio,

Sem sangue, é o desvio,

Coágulo pétreo absorto.

Aquele poeta astuto

Da palavra. Alma viva,

Leve e dura o escraviza.

Alma não, espírito bruto.

Às vezes, a ansiedade.

Às vezes o sofrimento.

Desespero do intento.

Angústia da realidade.

O poema tem poesia?

Sei lá! Belas metáforas,

Radiantes anáforas,

Às vezes, vozes vazias.

A poesia será o amor?

Sentimento fino da luz?

A poesia será a dor?

O peso bruto da cruz?

Sei lá! Aonde a andarilha

Chorosa ou sorridente,

Vaga fluida e radiante,

Com suas armadilhas.

Poesia não é raios de luz,

Tampouco a escuridão.

Ar leve, som do trovão,

Também não a traduz.

As coisas bem torneadas

São feitas dentro e fora.

A força lógica da anáfora,

Poderá torná-la burilada.

Aquele pobre pensamento,

Como bomba, quer explodir.

Ideias fúteis, querem fluir.

São angústias do momento.

Uma bela flor nunca morre.

Seu aroma, seu perfume

Vêm do sumo do insumo,

Do limo podre que escorre.

Da mente fértil do insano,

Verte o meigo chorume.

Cheiro podre do estrume,

Prolifera-se pelo engano.

Do esterco, nascem os cogumelos.

Irrigado, germina as roseiras,

As produtivas plantas fruteiras,

Com frutos sãos, limpos e belos.

As poesias ditas e escritas

Dizem: Arte perfeita e bela.

Será? Sua carnação singela,

Simples, assim descritas?

Poemas são frutos? Sei não!

Germinam da mente insana?

Do martírio que o engana?

Ou do íntimo fértil da razão?

As densas massas verbais,

Serão mesmo ricas poesias?

As loucuras, fúteis heresias

Nos íntimos versos carnais?

As flores belas, perfumadas.

Os pomos doces, maduros,

Enganação dos imaturos,

Percepções desajustadas.

Sementes férteis. As ideias

Fervilham na órbita frontal

Do poeta. Da fonte verbal,

Abelhas voam das colmeias.

As palavras, almas vivas,

Faces à mostra, luzentes.

Voam livres, resplendentes,

Movem as mentes criativas.

É no reino das palavras,

Onde os poemas vivem.

A poesia no seu vai vem,

Fontes vertentes. Lavras.

Antonio OnofreGF, em POEMAS AFLITOS,

Teresina-PI, Fevereiro/2022

Antônio OnofreGF
Enviado por Antônio OnofreGF em 19/03/2022
Código do texto: T7476407
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