NOVELOS REDONDOS
O ponto contém a ponta
Da alma viva e secreta,
Do novelo que se monta,
Na mente sã e aberta.
Novelos densos enrolados.
Molduras das tuas mãos,
Entre os dedos apertados,
Eis o filtro fino da razão.
A tinta que escorre fina
Não importam as cores.
É marca que se destina,
Entre fungos ou flores.
As flores vêm do estrume,
Origem fértil dos fungos.
O encéfalo verte chorume,
Versos velhos, resmungos.
Espreme forte a caneta,
O fio racional se arrasta,
Como cauda de cometa,
Riscando o céu se gasta.
Às vezes o fio invisível
Verte fino bem quente.
A força mental terrível,
É produzida na mente.
Ali, viram pedregulhos,
De verbos congeladas.
Sedimentados entulhos,
De poemas desolados.
A pedra de gelo no papel
Não desbotará sua massa.
A tela é uma estrada fiel,
Rota firma em que passa.
As miniodes livres e nuas,
Cruzam-se entre pessoas.
Pelas estradas, pelas ruas,
No vento que sobrevoas.
Novelo de verbos unidos,
Se constrói todo poema.
Em elos bem definidos,
Abraçam o sólido tema.
Na fluida fonte abstrata,
A poesia penetra muda,
No poema e se retrata
Em mina de ideia surda.
Poema que nasce morto,
A poesia lhe negou a vida.
Os casos frágeis de aborto,
Não rogaram alma devida.
Ideias volvem os mundos
Dos saberes das palavras.
Verbos, espíritos fecundos,
Voam no ar, sem travas.
É no papel ou nas telas,
Onde ficam registradas.
Novelos de linhas belas,
Formas arredondadas.
Anronio OnofreGF, em PPOEMAS AFLITOS,
Teresina-PI, fevereiro/2021.