Autoerotismo

Meu amor meus dedos são como coice

Coisificando energias à realidade

Inflamando espadas de silicone

Inflando e enxertando imagens translúcidas

Ao busto de marfim, afirmo minha origem

Minha saliva de origem animal

Caminha ao lado de formigas saúvas

Abrindo o estômago como quem abre quartos de bordéis

Deixe de subjetividade, agarre

Deixe de poesia, mastigue

Pese as mãos e as troque

Por rumores da celebração

Sirvo-lhe em inseguranças

Faço da minha carne um funeral

Para teus dedos escavarem

Ou aplicarem qualquer luto

Insignificante fato:

Eu canto com louvor

Meus destempero e desejos

Mesmo que urja um pecado entre eles

Como de costume, me afogo na espiral

Meus olhos estão sucumbindo à pontos fixos

O incêndio respira por baixo da minha pele

O deserto se refaz e desfaz no clima da noite

Avesso ao outro, ritmo objeto

Venha e me decentralize-se

De uma vez por todas

Enquanto me desmereço da violência

Servo à severa auto-graça

Povoando falas desonestas

Bebendo lágrimas do asfalto

Sorrindo trincheiras-espetáculo...

Pierrot Ruivo
Enviado por Pierrot Ruivo em 14/03/2022
Código do texto: T7472062
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