DIGITAIS

não tolerarei meus dedos trêmulos

sobre teu corpo livro aberto de poemas

as acácias dos teus olhos na selva

de concreto e da jângal seminua

remontam a ilhas europeias sob ondas

dos mares dos versos de yeats

deixa meu povo ir ó faraó de panacéia

construída sob a pele dos imigrantes

a orgia dos beldroegas amouca a selva

silvo de pássaros feridos por espada de androcles

navegaremos os mares de marco polo minha querida

nos navios sobre rodas que demarcam veneza

o universo tem a cor azul do alumbramento

as ideias paralelas sobre o infinito me cegam

demiurgos não me atraem sou crença de um só

apelo aos corpos brilhantes do sol

que me enxuguem os olhos com sua ventania

que os anjos apaguem as minhas digitais na areia

Matuto Versejador
Enviado por Matuto Versejador em 06/03/2022
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