Todo poeta é sádico

Todo poeta é um fetichista

A folha em branco machuca

O escritor é sadomasoquista

Sente angústia pelo vazio:

Vazio branco, ideias perdidas

Escura insegurança, mas

Prazer pela incerteza.

Todo poeta se autoflagela

Sangra nos dedos e pinga

Trabalhos inúteis no papel

Sempre prestes a anemia

Saúde decai diariamente

Versos doem, estrofes

Atrofiam, rimas fadigam

Todo poeta é indômito

Não vive no julgo do medo

Muito menos da perda

Sofre muito, mas gosta

É submisso e dominador

Nasceu escravo e senhor

Sua cruz predestinada

Não tem culpa pela faina

Artística, só que ele morre

Dia pós dia, e não liga

Todo poeta é um doente:

Escrevendo na carne

sermões, lições profanas

Da sua própria mente

Reirazinho
Enviado por Reirazinho em 05/03/2022
Código do texto: T7465996
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