TESE POÉTICA SOBRE ALGUMAS ANTIETIQUICES - Luiz Poeta Luiz Gilberto de Barros.

TESE POÉTICA SOBRE ALGUMAS ANTIETIQUICES - Luiz Gilberto de Barros - Luiz Poeta.

Eu nunca fui parnasiano ou erudito, porém respeito quem faz da pena um cinzel,

porque realça a criação... e é tão bonito,

o que se cria, com a leveza de um pincel.

... como não sou estudioso implacável

de algum estilo, procurando

melhorar

um texto clássico, imortal e respeitável

de algum autor que soube se imortalizar.

Se me embevece uma obra... qualquer uma,

não me incomodo com o seu esteticismo,

se é concretismo ou simbolismo, aplaudo, em suma,

por não ver, nela, nenhum artificialismo.

Porém, se noto, num infante prepotente

e intransigente, alguma tola aversão,

a quem não faz o que ele faz...

sinceramente...

meu verso frágil é o estopim de uma explosão.

Amar a arte - não importa sua forma -

mais que dever, é pura sensibilidade

e quem copia, consertando, o que deforma,

perde a essência - e mais: a credibilidade.

Que se escreva... e que se crie... e não se borre

com cópias vãs o que já foi tão rasurado,

como os zumbis dos imortais.

A obra não morre,

mas suja a página, o que é mal (re) imitado.

Sejam humildes!... o meu pai sempre dizia

que elogio em boca própria é vitupério,

e quem se acha o inventor de alheia cria,

tem como cria, um egocentrismo deletério.

Quem se promove, atacando quem reluz,

torna-se fogo em vez de luz e só projeta,

na arrogância do que pensa que produz,

a cópia falsa do artista e do poeta.

Quando um autor é engenheiro, traça retas,

mas se ele faz da poesia, arquitetura,

compõe com arte, o concretismo dos poetas

e seu desenho se alicerça na ternura.

Num certo dia, observando um pontinho

em uma folha de papel, numa moldura,

compreendi como um

um cocô de passarinho

consegue pôr em evidência, a criatura.

Musicalmente, conheço um melhor do mundo

chamado Hermeto Paschoal que, quando cria,

transforma a cria musical, em um segundo,

num som que brinca com a própria melodia.

Saber... "Viver é como andar de bicicleta"

- dizia Einstein, mas tem gente que se arrisca

e apesar de não ter jeito nem de atleta,

diz que é poeta, sem saber o que rabisca.

Sino pesado não retine ao som do vento,

o sentimento é como nota de harmonia,

que quando falta, deixa a música ao relento

e o acorde, como página... vazia.

Auto-elogios são como nós de gravata

mal acabados... estopins de dinamite...

quem se compara não resiste a uma bravata,

mas não distingue a pichação de um grafite.

Tanto rebite, tanta solda e luminária

sobre a palavra... e a criatividade?

Quando uma tese usa o outro como pária,

grita e dispara algemas sobre a liberdade.

E eu, do meu canto, canto aquilo que me agrada,

olhando o canto... e o cocô..

do passarinho,

uso bermuda e blacktie, só visto Prada,

quando alguém brada que é do "Bloco do Eu Sozinho".

...

Rio de Janeiro - primeiro domingo de março de 2019.