Explorando a metafonia
Quisera eu gostar do que não gosto,
quisera que meu gosto fosse um poço
no qual pudesse tudo o que não posso,
Mas o espelho não mudará meu rosto,
Se eu não mudá-lo antes, aposto.
O que eu não escolho é a contragosto,
Da fruta que cuspiram, herdei o caroço
E de uma vez, então, me emposso
Tomo o que me pertence, o meu posto,
E trabalho, não reclamo, não me encosto.
Esta queixa não me faz vadio, mas o oposto,
Labutei deveras, já não sou tão moço,
Troquei muito suor pelo pão nosso,
Mas minha vida já passou de agosto,
A poesia é meu divã, nela me recosto.