Português moribundo

John, me diga, cadê João?

Entre tantas Dayanes e Daiannas

Perdi de vista uma autêntica Diana.

Está em curso um tipo de destruição;

São muitos Maicons, poucos Michaels

e já quase não resta nenhum Miguel.

A cada registro de uma Stephanie,

Em câmera lenta morrem duas Estefânias;

Adeus Augusto,

Descansem em paz Bandeira e Pessoa,

O canto que minha garganta entoa

É lamento já sem vocabulário,

É choro desidratado de cultura,

Já é poesia esta desestrutura,

Mal vestida em letras de trapos,

Não me interessa reenfunar papos,

Não se critiquem mais os poetas,

Tampouco os exegetas,

Que morte inglória é a de uma língua,

Deve-se ao povo que se cala, ou nem sabe o que fala,

Já vai agora o Português à míngua,

A literatura toda agoniza, a poesia já morreu bem antes.

Incensados agora são os ignorantes,

Quanto pior, melhor. Quanto mais belo mais feio.

Quanto mais eu resisto, maior meu desgosto,

Mas é guerra, na defesa do idioma, assumo meu posto.

A espada que afio, que corta e retine,

que grava no peito, em letras doiradas,

que versa, que clama, que detalha e define,

Poesias entalhadas, dizendo a quem souber ler,

Exatamente o que foram concebidas para dizer.

Weber Palmieri
Enviado por Weber Palmieri em 29/11/2021
Código do texto: T7396246
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