PROPAROXITONAS - Luiz Poeta Luiz Gilberto de Barros.
PROPAROXÍTONAS – Luiz Poeta – Luiz Gilberto de Barros
Meu coração tem um lençol freático
De emoções que ainda não chorei,
De abandonos tão.... enigmáticos
Que eu nunca soube quando os recriei.
E se eu choro, um brilho tão... lunático...
Dissolve a lágrima em fantasias;
Minha razão, no meu sorriso apático,
Zomba da dor, mas sem hipocrisias.
Confesso: às vezes sou meio fanático,
Contando minha metrificação,
Mas meu poema mais cardiopático
E... sorumbático... é abstração.
Sou um poeta muito democrático:
Revelo sempre algumas fantasias,
Mas meu silêncio mais aristocrático,
No fundo esconde minhas nostalgias.
Sou escritor, não sou um matemático
Admirável, mas sem criação;
Sou um poeta sempre... tão... galáctico,
Sou conteúdo, nunca equação.
Porém respeito, não sou antipático
Quem, com os números soube inventar,
Num raciocínio quase telepático
Um jeito nobre de raciocinar.
O meu poder apenas emblemático
Se fragiliza, quando a ingenuidade
Sobrevivente de um ser pragmático
Se rende a dor da sensibilidade.
O meu sorriso nunca é enfático;
Ele resvala tão timidamente,
Que se eu chorar, meu pranto problemático
Há de sorrir mais displicentemente.
Proparoxítonos tecnocráticos,
Vão recontar as métricas acima,
Outros dirão que são velhos gramáticos,
Enquanto eu... sou um plebeu da rima.
O meu amor... sempre tão carismático,
Produz um verso que me denuncia;
Mostrando o dom de amar num tom dramático
Que a minha dor transforma em poesia.
19h e 16 min do dia 9 de maio de 2020 do Rio de Janeiro – do arquivo Poesias em Construçãop