Sempre tive muita pressa

Sempre tive muita pressa

em me vestir para o passeio;

escolhia roupa sem receio

de encontrar peça que impeça

meu andar sem compromisso;

posso ir, sim, de chinelo,

pois não tenho o anelo

e também não sou submisso

aos ditames da moda

flutuante como o mar

com suas ondas a quebrar;

isso não me incomoda.

Já para desenhar meus versos

o limite é o infinito;

aqui eu penso ou cogito,

escolho os tipos imersos

no guarda-roupas mental;

e quanto mais eu escrevo

é aí que eu percebo

a louca atividade cerebral

movimentando o poema;

ele tece e desafia,

mostra a fotografia,

roupa-palavra entra em cena.

©Bispoeta