Palavra é brincadeira

Palavra é brincadeira

e pode também ser severa;

ela segue firme à espera

que a pena escolha a maneira

como ela vai se comportar.

Papel é fiel escudo;

fecha os olhos e no escuro

deixa-se navegar no mar

de ondas incertas ou calmas

à espera desse encontro

em que não há um ponto

ou vírgula que peça palmas.

Parece não haver conexão;

a mão gélida pede calor,

o cérebro ouve um fragor

como se numa explosão

as letras criassem vida

própria e escolhessem,

como se elas mesmas lessem

o resultado da escrita.

E o poeta - coitado,

não participa da ação

jaz apenas na observação;

foi deixado de lado.

©Bispoeta