Infante Poeta
Infante Poeta
O aspirante à Poeta precisa, no entanto,
Desvencilhar-se de si.
Nem focar sua rima
No quanto ama a pessoa ou a coisa amada.
A poesia é mais do que os frêmitos
Da exacerbada paixão.
A poesia é o que consegues ver
Das coisas lá fora.
E o quanto ela te toca
Mesmo ensimesmada em si.
As coisas de fora, as externalidades,
Te servem de espelho.
E lá estarás agudo, perpiscaz, nada obtuso,
Até pôr na poesia a cor do pôr-do-sol
Sem que reclames
do quanto arde em teus olhos
Os raios de luz.
Não se trata do que sentes, infante Poeta,
A poesia existe independente do que tu és.
Cabe a ti captá-la.
E o modo com que a relatas
É o que te faz apto à Poesia.