Queria ser um poeta
Queria ser um poeta,
não um pseudoprofeta
criador da confusão
da escrita e do refrão,
mas só me vem o bordão
e a estrutura rimada
sem palavra rebuscada;
parece até uma canção...
Deixo por conta da pena;
que ela deslize e desenhe,
pois eu sei; ela está prenhe!
Eu entro na próxima cena
sem deixá-la zangada;
sou mero escrevinhador
ou - como Pessoa - um fingidor,
deslizando na jangada.
Na verdade quero dizer
com as palavras certas,
sem jogos, nem indiretas:
é um prazer escrever
seja de noite ou de dia,
pois a escrita desata a dor
e eu sou um desatador
da tristeza e da alegria.
©Bispoeta